segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mais da metade das contas de Twitter das empresas estão inativas

O último post, a respeito do uso do Twitter nas empresas, me fez recordar o interessante estudo publicado em novembro de 2009 pela Weber Shandwick, chamado "Do Fortune 100 Companies need a Twittervention?"

Não conhece. Vale a pena acessar AQUI.

Eu sei, eu sei. Você vai dizer que o estudo é antigo que os números hoje podem estar bem diferentes. É verdade. Dois anos são uma eternidade no mundo das redes sociais, mas o conceito ainda vale. O estudo avaliou as atividades no Twitter das 100 maiores acompanhadas pela Fortune, no período de agosto a setembro de 2009. Eis os pontos de destaque do estudo:

O estudo concluiu que 73% das 100 empresas Top registraram um total de 540 contas no Twitter. Entretanto, 76% delas não postavam tweets com frequência, e 52% apresentavam sinal de inatividade.

53% das contas não apresentavam personalidade, tom ou voz em suas páginas. Apenas 32% das contas davam sinais de personalidade em suas páginas, com "backgrounds" bem desenhados, nomes e/ou fotos daqueles responsáveis pelos tweets.

26% das contas eram usadas primariamente para divulgação de informação sem provocar o engajamento dos seguidores, ou seja, tipicamente na filosofia de comunicação de mão única. Os tweets não apresentavam opiniões ou encorajavam discussões. Tal cenário contradiz o conceito básico de qualquer rede social, que é o diálogo de mão dupla, para construir relacionamentos.

24% das contas foram primariamente usadas para "brand awareness". Muitos estavam lá simplesmente para ter uma presença online.

O estudo analisou as contas e traçou o seguinte perfil de uso:
26% para divulgação de informação
24% paras "brand awareness"
16% para vendas
11% para "thought leadership"
9% para atendimento ao cliente
14% para outros usos

A conclusão do estudo de 2009 foi evidente: o Twitter continuava como uma oportunidade desperdiçada para a maioria das 100 Top empresas da Fortune. Muitas das contas examinadas no estudo não pareciam ouvir ou engajar os leitores, mas apenas como um canal de comunicação de mão única para fazer "broadcast" de press-releases, posts de blog e/ou qualquer informação eventual.

Lembro que naquela época, eu fiquei decepcionado ao tomar conhecimento do estudo pois afinal falávamos das maiores empresas dos EUA. Desconheço qualquer estudo semelhante mais recente, mas me atrevo a dizer que os resultados de hoje (2011) seriam algo muito parecido, salvo algumas considerações. Provavelmente, o número de contas de Twitter por empresa deve ser muito maior. As empresas mais atuantes no Twitter têm contas para a marca, por unidade de negócio, por atividade, por região, por perfil de cliente, e por aí vai. A fragmentação deve estar aumentando. A gestão dessas contas muitas vezes é falha ou inexiste. É comum as empresas esquecerem as contas antigas e criarem contas novas, gerando um monte de lixo no Twitter, que muitas vezes as empresas desconhecem. Acredito que o número de contas de Twitter inativas deve ser grande. Mas tudo isso é especulação minha.

O fato verdadeiro, e descrito no meu post anterior, é que temos muito mais perguntas do que respostas. Por enquanto todos nós, profissionais de empresas, temos que estudar muito, aprender com quem já fez ou está fazendo, ter coragem para fazer e ousar, e humildade para reconhecer os erros, dar os passos para trás e começar de novo.

Para fechar esse post, recomendo um bom material sobre Twitter nas Empresas. Vale a pena fuçar e escarafunchar o Twitter Guide Book publicado no Mashable.

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Twitter nas Empresas: 10 perguntas a procura de respostas

A dica veio do meu amigo Pedro Prochno. Eu fui lá e conferi o artigo publicado no WSJ (The Wall Street Journal) apresentando as aventuras e desventuras das empresas no uso do Twitter. Não deixe de ver AQUI porque vale realmente a pena.

Ler esse excelente artigo faz emergir muitas perguntas de difícil resposta no uso do Twitter pelas empresas. Estamos todos aprendendo, mas a verdade é que é complicado pacas. São muitas variáveis, risco constante e eminente por tudo ser público, novas tecnologias e, para complicar ainda mais, tudo acontece em tempo real.

Quer se aventurar a responder algumas das perguntas? Eu estou atrás das respostas.

1- O comando do Twitter nas empresas deve ficar na área de Relações Públicas, em Marketing, em Vendas, no Atendimento ao Cliente? Onde? Quem? Deveria ter um único gestor? Vários? Como organizar isso?

2- Quantas contas de Twitter deveria ter uma empresa? Uma única conta? Seria uma conta corporativa? Ou muitas contas? Uma conta por linha de produto? Ou uma conta por área? Uma conta para Marketing, uma para Vendas, uma para o Atendimento ao Cliente?

3- Quem deveria ser o responsável por escrever e disparar os tweets emitidos das empresas? E responder os tweets recebidos? Qual o nível e onde?

4- Que experiência, senioridade e autonomia deveria ter o profissional (ou os profissionais) que alimenta o Twitter da empresa? Pode estagiário?

5- O Twitter é público, tudo que está lá é aberto. É a empresa falando para todos. Qualquer tema vira assunto público. Portanto, qual seria o melhor processo e critérios para decidir o que publicar no Twitter da empresa? Será que a área jurídica deveria se envolver?

6- Ôpa! Dada a afirmação do item 5, vale a pena repetir a pergunta 4 para pensar melhor.
Dado que tudo é público no Twitter e tudo pode ter dimensão global, que tipo de senioridade e autonomia deveria ter o profissional que cuida do Twitter da empresa?

7- Depois de responder todas as questões acima, será que a conta (ou as contas) do Twitter de uma empresa deveria estar sob comando e coordenação de uma agência de comunicação experiente no assunto?

8- Ok, se você respondeu "sim" para o item 7, então me responda: Existe alguém realmente experiente na implementação e gestão do Twitter em empresas? Ou estamos todos aprendendo? O artigo do WSJ sugere que estamos todos aprendendo e testando.

9- Imagine uma empresa que lida com centenas ou milhares de chamadas no call center diariamente. E que esse call center tem vários papéis, como atendimento ao cliente, vendas e marketing. Como integrar o atendimento no call center ao atendimento via Twitter? Como criar um modelo de operação no Twitter que atenda e satisfaça seus clientes?

10- Lembre-se: o Twitter não fecha no final do expediente. Como criar um modelo que atenda a demanda de agilidade e velocidade no Twitter, 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Todas as respostas acima começarão com um "depende". E, depois do "depende", serão horas de discussão aparentemente sem fim para cada uma das perguntas. A sensação de frustração quase sempre aparece, pois as dúvidas são muito maiores que as certezas, os riscos parecem ser imensos e ninguém tem uma resposta certa, simples e garantida.

Nesse turbilhão de incertezas, muitas empresas entram no Twitter com a visão simplista de um espaço publicitário de 140 caracteres, onde a empresa dispara mensagens curtas para o mercado e clientes, numa relação de mão única. O Twitter é muito mais do que isso. A maioria dos usuários da ferramenta tem expectativa de se relacionar com suas empresas de preferência sob o contexto de rede social, esperando uma atividade genuína, esclarecedora e rápida das empresas no Twitter. O problema é que a maioria dos usuários quer dialogar, e as empresas querem falar.

Texto adaptado do original publicado no blog da CRN

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Eu sou preconceituoso mesmo, e daí?

Quem vive no meio corporativo sabe como é que é. Os líderes das empresas, em sua maioria, são impacientes, estão sempre cobrando resultados e não tem tempo para perder ou divagar. Conversar sem pressa, sem uma agenda ou olhando para a janela, não dá certo. Para eles, conversa boa é aquela dentro de uma reunião. E reunião tem que ter apresentação, um powerpoint, uma pauta ou um documento para olhar. Qualquer reunião começa e, em poucos minutos, já está rolando um papo de quem é o responsável por tal tarefa, prazo e resultados. Já rola logo também um papo de retorno sobre investimento. E já marca uma nova reunião para cobrar os resultados. Não se permite sonhar ou divagar. Conversa sem objetivo não rola.

Dado esse contexto, o fato ocorrido abaixo, contado por um colega, foi mais ou menos assim.

O presidente de uma empresa foi convidado para se reunir com um grupo que estava montando um projeto na área de responsabilidade social. A ideia era apresentar o conceito do projeto para o executivo e ver se ele topava investir. No grupo, havia uma integrante que era muito inteligente, mas que divagava um pouco e às vezes partia para um "brainstorming". Ao longo da reunião, na terceira vez em que ela falou sobre algo que estava pensando, o presidente mostrou desconforto e disse que não tinha tempo para divagações. A reunião terminou mal e as pessoas sentiram um anticlímax na despedida.
Depois da reunião, um dos diretores que acompanharam o presidente na reunião, se virou para ele e falou:
-- Puxa, você pegou pesado. Você e seu velho preconceito com quem não é objetivo e pragmático.
O presidente respondeu:
- Eu sou preconceituoso mesmo, e daí? Meu interesse é a empresa e não posso perder tempo.

Eu não preciso citar aqui o nome da empresa onde aconteceu o fato, até porque acredito que essa é uma situação comum em muitas empresas, especialmente nas maiores onde os líderes têm uma rotina alucinante de trabalho. Aliás, o fato se alinha com um outro post que já escrevi chamado "Os líderes têm pouco tempo para pensar". O problema é que acontecimentos como esse minam a capacidade criativa das empresas.

Rowan Gibson, autor do excelente livro "Inovação Prioridade No. 1", Editora Elsevier, afirma que existem três precondições críticas para que a inovação genuína aconteça dentro das empresas:
1- Criar tempo e espaço na vida das pessoas para reflexão, geração de ideias e experimentação;
2- Maximizar a diversidade de ideias necessárias à inovação;
3- Favorecimento da ligação e troca de ideias - a "química da combinação", que serve de terreno fértil às ideias revolucionárias.

Ou seja:

Inovação = Tempo + Diversidade + Colaboração

Rowan Gibson pe
diu a mais de 500 gerentes, de nível médio e sênior, de grandes empresas norte-americanas para identificarem as maiores barreiras à inovação em suas respectivas organizações. Uma das respostas mais comuns foi a "falta de tempo".

Mas só tempo não é suficiente. Estabelecer momentos de conversa livre, franca e
transparente faz toda a diferença. No post passado, chamado "A gente adora floresta de pinheiros", eu apresentei um ponto de vista sobre a questão da Inovação, que tem profunda conexão com a cultura corporativa.

O caso contado acima, onde o presidente da empresa diz que é preconceituoso, pode não ser um bom exemplo. Afinal, em toda a empresa, tem que existir momentos específicos de decisão pragmática e reuniões objetivas, e outras situações onde reflexão e brainstorming são bem-vindos. Portanto, quando as pessoas se juntam dentro de uma empresa, todas têm que ter consciência do que esperar daquele momento ou daquele grupo. No caso do exemplo acima, pode ter ocorrido um erro de expectativa dos integrantes da reunião. O presidente queria tomar decisões, enquanto outros poderiam querer propor ideias e diferentes alternativas às existentes. Mas, no fundo, lá no fundo mesmo, o único preconceito que o presidente não pode ter é quanto à inovação.

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domingo, 4 de dezembro de 2011

A gente adora floresta de pinheiros

Texto adaptado do original publicado na Magazine da Petrobras.

Semanas atrás, numa reunião de trabalho, ouvi a seguinte frase: "A gente adora ‘floresta de pinheiros'. Todo mundo igualzinho, que não cria problema, que pensa igual..."

De maneira geral, em nossas cabeças, a inovação parece ser algo que ocorre quase que por acaso. Imaginamos que, de repente, alguém tem uma ideia brilhante e tudo acontece. Isso pode até ser verdade, mas muitas empresas já descobriram que ela não é fruto apenas do acaso. A inovação é resultado de processos, foco e cultura corporativa. Desenvolver um senso contínuo de inovação nos colaboradores parece ser hoje prioridade da maioria das empresas, independentemente do tamanho e do segmento de atuação.

A inovação genuína e contínua no ambiente de trabalho exige algumas precondições básicas. Uma delas é a diversidade. E entenda diversidade num espectro bem amplo. Estou falando de diversidade de ideias, comportamento, formação, idade, experiências, cor, raça, senso e cultura.

De forma geral, as empresas adoram ‘floresta de pinheiros’. Raramente encontramos exemplos de grupos que sejam realmente diversos nos principais projetos e estratégias das empresas. Faça um exercício e veja a organização onde você trabalha. Ao subir cada vez mais na pirâmide organizacional, a ‘floresta de pinheiros’ fica mais evidente. Ironicamente, é no topo da hierarquia que encontramos a menor diversidade de ideias e conceitos. As empresas não reconhecem isso, mas essa parece ser a maior barreira para uma cultura genuína de inovação.

A diversidade, contudo, não serve de nada se não existir um ambiente organizacional aberto e fomentador para a troca de ideias. A imagem do Professor Pardal, sozinho, tendo uma ideia brilhante é divertida, mas é uma ilusão. A inovação acontece a partir do conflito sadio de opiniões, experiências, visões e perspectivas. Quanto maior a pluralidade e o número de interações entre as pessoas, maior será a probabilidade de surgirem ideias e pensamentos inovadores.

A unanimidade leva a gente quase sempre para o mesmo lugar. Para as empresas que enfrentam um mercado cada vez mais competitivo e disruptivo - onde novos modelos de negócio e competidores criativos aparecem a todo momento -, a capacidade de inovar não é mais apenas uma questão para superar a concorrência. É questão de sobrevivência.

A habilidade de inovação de uma empresa é potencializada ao máximo quando acontece a colaboração espontânea entre pessoas com pensamentos diversos, que tenham liberdade e vontade de falar e opinar, quase como que tomando um chopinho na mesa de um bar no final de semana. As empresas estão descobrindo que essa liberdade de conversar é importante. Juntar grupos heterogêneos de dentro e fora da empresa é uma saudável forma de oxigenar a organização e descobrir oportunidades de inovação desde a retaguarda até as linhas de frente do negócio. As mídias sociais aparecem como ferramentas fundamentais nesse novo cenário. Mas essa já é outra história.


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