segunda-feira, 8 de março de 2010

Home Office - Breve em cartaz na sua casa

Uma pesquisa da Consumer Electronics Association (CEA) mostrou que 37% dos norte-americanos já trabalham em casa, ao menos um dia por mês. Essa é uma tendência crescente, especialmente nos EUA onde as condições de infraestrutura, de telecomunicações e de leis trabalhistas ajudam bastante. No Brasil, ironicamente, estes são os fatores que atrapalham a aceleração dessa tendência. Soma-se a isso o fator cultural, que em nosso país é muito forte. Os nossos gerentes gostam de estar bem pertinhos dos funcionários, existe o conceito de que o funcionário precisa estar sob os olhos do gestor para constatar que ele está trabalhando. Essa é uma cultura empresarial forte que ainda funciona como uma barreira significativa para o "home office" tupiniquim.

Na IBM, vivemos uma experiência interessante. Aproximadamente 40% dos 400 mil funcionários da empresa no mundo já trabalham remotamente. Estamos falando de funcionários que trabalham regularmente em suas próprias casas ou em instalações não IBM, como por exemplo aqueles que trabalham em instalações dos clientes.

O feedback recebido de quem trabalha em casa tem pontos positivos e outros negativos. E os executivos parecem compartilhar da mesma opinião. O feedback positivo fica por conta do melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, do aumento da concentração e maior produtividade, já que no escritório as interrrupções são constantes. Já a visão negativa diz respeito a sensação de isolamento, de falta de integração, de problemas de carreira e desconexão com o clima organizacional.
Do ponto de vista de comunicação empresarial, o desafio é enorme. Como alcançar o funcionário remoto e fazê-lo se sentir dentro da empresa? Como fazer ele entender a estratégia da empresa e ter um sentimento de pertencimento? Neste contexto, o ferramental tecnológico passa a ser muito importante pois é necessário levar a empresa até dentro da casa do funcionário.

Não é por acaso que uma pesquisa da Forrester Research apontou que os trabalhadores remotos já são considerados como prioridade pelas áreas de TI (Tecnologia da Informação) das empresas americanas. A pesquisa tem números interessantes que vale a pena conhecer, mas fica evidente a complexidade que é colocar as pessoas para trabalhar em casa sob o ponto de vista tecnológico. Dois grandes desafios são:
- o alto número existente de processos manuais e desintegrados que ainda existe na empresa,
- e a confusão de plataformas de tecnologia que as empresas têm instaladas para fazer a companhia "rodar".

Recomendo a leitura de uma interessante análise sobre "Home Office" feita por Viviani Mansi no blog Comunicação Interna. É uma visão prática de quem conhece o assunto. Aliás, vale a pena vasculhar todo o blog, tem muita coisa boa.

Existe uma outra pesquisa relevante chamada "Telework Trendlines 2009" da WorldatWork publicada em Fev/2009, que traça o perfil do trabalhador remoto norte-americano. Segundo a pesquisa, o número de trabalhadores remotos nos EUA cresceu 74% nos últimos 3 anos. E a tendência é de alta. Esta tendência não rola somente na Terra do Tio Sam, aqui em Terra Brasilis o movimento também é de alta conforme uma pesquisa citada na Computerworld.

Para fechar o post, veja abaixo uma matéria veiculada no Jornal Nacional em Ago/2009. Como toda matéria no JN, ela é superficial, mas é interessante ouvir o depoimento de trabalhadores que já experimentam essa nova forma de trabalho.




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3 comentários:

Zee disse...

Olha Mauro, essa é a idéia que mais me agrada do mundo corporativo desde a criação da gestão de conflitos!

O motivo é simples, nós vivemos para trabalhar e trabalhamos para viver. Não é uma questão de dupla identidade como um Clark Kent e seu alter ego, o heróico Super-homen.

Logo, nosso "viver em sociedade" é sinônimo de trabalho. Então temos que sim conciliar as duas coisas. E não de uma forma saturada, moralmente ambigua, e vilanesca como os cyberpunks dos anos 70 escreveram... não precisa ser assim, pode ser de forma equilibrada e sensata.

Creio que neste sentido o home work é um grande passo nesse sentido. Pois ele respeita a produtividade de cada um.

Se vc é como eu e acorda as três da manhã com a cabeça fervilhando de idéias mas tem que apagá-las rápido e ir dormir pq as 5:00hs tem que estar de pé e pegando um ônibus lotado para o trabalho... sabe bem o custo para sua vida e seus negócios do trabalho como é posto hoje.

Agora e sobre os laços da empresa? Bem... que laços nós temos com TODAS as pessoas da empresa? Sinceramente tem gente que eu só vejo nas festas e olha lá, nunca troquei um dedo de prosa.

Mas aqui vem o alerta, assim como existem pessoas como eu que renderiam horrores com esse esquema, teríamos pessoas que simplesmente iriam se sucicidar se tivessem que ficar longe do escritório.

O ambiente corporativo é viciante. Suas belas roupas, cheiros amadeirados, barulhos e gente para todo lado. Se não fosse viciante não teríamos workaholics no mundo.

Então qual a saida para o empasse? Respeito e envergadura moral. Se o colaborador tem realmente esse viéz pq não dar a ele e aumentar os faturamentos no final do mês? E se ele não tem, pq condená-lo ao sofrimento?

E o papel das redes sociais nisso tudo? Hora não são as redes que dizem existir para "manterem as pessoas conectadas umas com as outras?" Para mim é obvio o papel fundamental delas.

E não só as redes, programas como o Google Wave tornam tudo isso incrivelmente simples. E além disso temos as intranets... enfim, um arsenal de ferramentas.

O que nos falta é ainda o respeito e a envergadura moral. Como diz uma frase que é um koan para mim: só existe entendimento entre mãos que constrõem e cérebros que planejam se houver um coração como mediador. Fritz Lang.

Abraço à todos.

Mauro Segura disse...

Zee. Este seu post comentário foi espetacular. Abraços. Mauro.

Lúcio Carvalho disse...

Mauro, estou escrevendpo uma matéria sobre Comunicação Interna e gostaria de te entrevistar. Trabalho para uma revista ficada na área da Comunicação Social, chamada PQN. Teria como você me passar alguma forma de contato com a qual eu possa conversar com você, passar meus contatos, maiores dados sobre a publicação e explicar melhor a matéria?

Meu e-mail é lucio@pqn.com.br


Aguardo contato.



Grato,
Lúcio Carvalho

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