quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Inovação em cada um de Nós

Em 2008, a revista Época publicou uma excelente entrevista com Nancy Tennant, executiva americana da Whirlpool. Suas mensagens me fizeram pensar. Ela disse: “A inovação está dentro de cada um de nós. Quando as pessoas têm liberdade para trabalhar em coisas estimulantes, com seus colegas, a inovação vem até você todos os dias”.

Muitas empresas investem enorme volume de dinheiro em pesquisa e desenvolvimento. Muitos chamam isso de inovação, e é mesmo. Estou falando daquela imagem que temos de laboratórios e salas fechadas onde grupos de cientistas, intelectuais e bem aventurados se trancam para pensarem coisas novas. É como se cada um deles chegasse de manhã cedo para trabalhar e falasse: “Hoje eu vou inovar prá caramba. Ninguém me segura!”. É como se a empresa delegasse para um grupo de pessoas a missão de pensar em soluções inovadoras. Isso ainda existe muito no mundo empresarial e é muito eficaz. Nessas empresas a inovação é fruto de métricas claras e agressivas. Muitas definidas por engenheiros e administradores que as vezes estão longe da realidade, distante dos clientes e do mercado, mas se apoiam em pesquisas e estudos.

A realidade de hoje mostra que inovação vai muito mais além do que os laboratórios e centros de pesquisa e desenvolvimento.

Eu acho que inovação tem que seguir a estratégia que chamo carinhosamente de “A casa da Mãe Joana”. Ou seja, liberdade total. Todos os funcionários, independentemente de posto, localização e formação, têm que ser incentivados a falar, opinar, dar ideias, sejam elas básicas, malucas, impossíveis ou não. Vale tudo. Vale até sonhar.

Caímos sempre na armadilha de pensar em inovação de produtos. Fica mais fácil falarmos sobre inovação quando pensamos em máquinas, produtos eletrônicos e coisas similares. Mas a inovação pode estar em toda a cadeia. Pode estar na forma como atendemos o cliente, na fatura de cobrança, na forma de relacionamento com o fornecedor, em algum processo logístico, de transporte e até de embalagem. Pode estar em qualquer lugar. Quando pensamos dessa forma, fica fácil ver que a grande capacidade inovadora não está nos laboratórios ou nos centros científicos.

A inovação está com o Seu José que dirige os caminhões da fábrica, no Seu João que trabalha no setor de embalagem, na Maria Lúcia que atende os clientes no telefone ou na Maria Luiza que atua como compradora.

São estas pessoas que conhecem as falhas nos processos, as oportunidades de melhoria, as demandas e necessidades dos clientes e o potencial de oportunidades que a companhia não vê. São elas que conhecem os sonhos dos clientes.

A capacidade inovadora dentro das empresas é incrível. Parece um tesouro enterrado. Portanto, vamos liberar geral. Vamos colocar esse povo todo para falar. Soltar as amarras.

Em 1988, a GE criou um programa muito interessante chamado Workout. Começou como um programa para melhorar processos, mas depois se tornou um programa de grande sucesso por ser uma fonte estruturada de ideias com participação de todos os funcionários da empresa. Acabou virando referência mundial. Eu não estou dizendo que as empresas precisam de algo tão estruturado quanto o programa da GE, mas acho que começar pelo uso de canais de colaboração como blogs e mídias sociais seriam um caminho interessante. Parece complicado? É caro? É difícil implementar? Então coloca a urnazinha no canto do cafezinho com uns papeizinhos em branco e deixa o pessoal escrever suas ideias e sugestões.

Casa da Mãe Joana” neles!!!

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O mundo digital do governo Obama

Pela terceira vez seguida eu estou escrevendo um post sobre Obama. Incrível, mas não consigo deixar de ver coisas interessantes acontecendo ligadas a ele.

Hoje saiu uma matéria muito boa no caderno LINK do Estadão. A matéria "Blog e videcast serão veículos oficiais" fala detalhes de como o novo governo americano usará a internet como o principal canal de comunicação com os cidadãos.


Vale muuuuito a pena ler a matéria e ver os links associados. Leia todos os links pois eles têm mais novidades muito interessantes. É uma aula de ousadia e inovação.

Reproduzo abaixo uma parte da matéria que resume bem as principais novidades no www.whitehouse.gov, o site oficial da presidência norte-americana. As mudanças entraram no ar um minuto após a posse.

BLOG - Ainda sem possibilidade de os internautas comentarem, o blog da Casa Branca traz o primeiro discurso de Obama no dia da posse e outras informações do dia a dia do governo. É ali que serão publicadas as leis antes da sanção do presidente. Usuários poderão se posicionar antes da decisão oficial.

AGENDA - O plano de governo de Obama está todo online, com conteúdo “buscável” por palavra. Na lista entrará, durante o andamento do governo, as metas já cumpridas e outras “promessas”.

MENU DINÂMICO - O topo da página traz quatro destaques do conteúdo, que pode ser desde vídeos novos e posts do blog a material fixo. Entre as seções internas, uma bem-humorada história dos presidentes norte-americanos (e dos animais de estimação).

NEWSLETTER - Campo para visitantes informarem e-mail e CEP. Assim, eles serão informados por e-mail das notícias de sua região.

Prá terminar, não é só nos EUA que o mundo 2.0 vem ganhando força. Na sexta-feira passada o Vaticano inaugurou o seu canal oficial no You Tube com uma mensagem especial do papa Bento XVI. Tal movimento mostra que a web 2.0 é um caminho sem volta. Quem ainda não entrou está perdendo espaço e ficando prá trás.



sábado, 24 de janeiro de 2009

O primeiro deslize de Obama com a imprensa

Barack Obama vive uma espécie de lua-de-mel com a imprensa desde que surgiu como potencial presidente dos EUA. Ele tem sido venerado e beneficiado com generosos espaços e adjetivos pela mídia americana. Parte disso foi conquista dele próprio, especialmente pela transparência com que fala e pelo número de coletivas e entrevistas que tem dado nos últimos meses. Além disso, ele ainda aparece de modo inovador na política ao usar e abusar das mídias sociais. Isso tudo ajudou bastante na aproximação e simpatia da mídia com o novo presidente americano.

No entanto, na última quinta-feira, aconteceu um fato que podemos identificar como o primeiro problema de Obama com a imprensa.

Na noite de quinta-feira, o atual presidente americano resolveu fazer uma visita surpresa à sala de imprensa. Ao chegar lá, obviamente repleto de jornalistas, foi abordado por um deles com uma pergunta incômoda.

O jornalista gostaria de saber como ele reconciliaria o rígido limite imposto aos lobistas em seu governo com o fato de que a pessoa que nomeou como Vice-Secretário de Defesa, William J, Lynn, ter sido lobista em uma das empresas fornecedoras de armas para o governo americano. A pergunta era chata e constrangedora, mas totalmente esperada em função do que tem sido publicado nos jornais americanos.

Obama respondeu:
-- Estão vendo? Vim aqui fazer uma visita e vejam o que acontece. Não posso visitar vocês e cumprimentá-los se toda vez que vier aqui eu for interpelado desse jeito.

O repórter, como todo bom repórter deve ser, não ficou satisfeito com a resposta e insistiu na pergunta. Obama reagiu mal. Ele colocou uma de suas mãos no ombro do jornalista e, olhando fixamente em seus olhos, respondeu num tom irritado e impaciente:
-- Está bem, venha cá: vamos ter uma entrevista coletiva na qual você estará livre para fazer perguntas. Nesse exato momento eu queria apenas dizer “alô” e me apresentar a vocês. É só isso que estou tentando fazer.

Aqui ficam duas lições.

O jornalista é jornalista 24 horas por dia, Ainda mais quando falamos de presidentes e executivos, sejam de governo ou outras entidades não governamentais (como empresas, associações de classe, etc). Não devemos cair na armadilha de pensar que o jornalista vai deixar de ser jornalista ao estar em casa ou no shopping. Ele é jornalista o tempo todo, ligado, sedento por um fato novo ou uma declaração exclusiva, anda mais dentro de uma sala de imprensa, em plena atividade de trabalho, como ocorreu com Obama.

A segunda lição é mais simples ainda: não fale com um jornalista se você não quer iniciar um diálogo. Viu um jornalista, deu “bom dia”, então prepare-se para as perguntas. Não existe jornalista que fique só no “bom dia” quando vê uma fonte tão especial como o presidente dos EUA.

Esses conceitos básicos, apresentados na primeira hora de qualquer “media training”, têm que ser observados 24 horas por dia pelos executivos e, também... pelo presidente dos EUA. Aliás, principalmente pelos governantes, que são personagens públicos e de interesse de cada cidadão do planeta.

Enfim, quinta à noite, Obama teve um “media training” prático. Vamos ver agora quantas vezes mais ele vai aparecer na sala de imprensa para tomar um cafezinho.

Veja abaixo o flagrante da visita de Obama à sala de imprensa. Foi filmado sim!!!





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sábado, 17 de janeiro de 2009

Uso de armas digitais na campanha eleitoral dos EUA é um exemplo para o mundo corporativo

Li e reli a mesma notícia nos jornais no final do ano passado: "Depois de Barach Obama nunca mais uma campanha eleitoral será igual nos Estados Unidos. Pela primeira vez um candidato a um dos cargos mais importantes do planeta colocou a internet e outros meios tecnológicos no coração de sua estratégia desde o início de suas pretensões presidenciais, em 2007, quando elas ainda pareciam um sonho" - frase retirada do jornal Estado de São Paulo de 03/11/2008.

Recentemente, em terra brasílis, a notícia é que o Presidente Lula não lê jornais, sites de notícias e revistas, além de também não assistir à televisão. Pelo menos é isso que circulou na imprensa recentemente, fruto de uma entrevista que o presidente deu para a revista “Piauí”.

Não quero fazer juízo de valor, muito menos comparar as duas personalidades, até porque não acredito na afirmação de que o Presidente Lula não lê jornais (leia você a entrevista do presidente e tire suas próprias conclusões, o link está no final desse post). Meu ponto aqui é a diferença de percepção e compromisso desses dois personagens com esse novo mundo colaborativo, online, dispersivo e virtual. É claro que tem um pouco (ou muito) mais do que isso. O Presidente Obama, antes de sua posse, deu dez entrevistas coletivas, enquanto que o Presidente Lula deu apenas duas entrevistas coletivas formais em seis anos (dados do jornal O GLOBO de 10/01/2009). Ou seja, existem estilos bem diferentes entre os dois de lidar e se relacionar com a mídia. Por outro lado, a mídia americana é bem diferente da brasileira.

Voltando ao meu ponto, essa situação de Obama e Lula tem perfeita conexão com o mundo corporativo. O comandante da empresa (chairman, CEO, presidente, gerente geral, etc) é que dá o tom. É ele que vai fazer as mídias sociais decolarem dentro da empresa. É o estilo ousado ou conservador, fechado ou aberto, informal ou formal, que vai determinar a “cara” da empresa na mídia. Obviamente que a política de comunicação da empresa tem papel importante nisso tudo, pois é ela que vai permitir criar, ou não, os canais e as oportunidades de comunicação (interna e externa) para a empresa, mas será o líder máximo da empresa que vai dar a credibilidade e a credencial para que essa política vire realidade. Existem muitos casos de mercado onde a substituição de um presidente por outro mudou a “cara” da empresa e a forma como ela se relaciona com a mídia e a sociedade.

Enfim, meu propósito aqui foi destacar a recente estratégia de Obama no mundo da internet. Ele inovou e foi ousado. A sociedade reconheceu isso. As estratégias e táticas usadas por Obama deveriam ser mais estudadas. Acredito que são ótimos exemplos para o mundo corporativo, que deveria explorar e investir mais nesse tipo de relacionamento virtual e aberto com o mercado. Vamos ver agora de que forma o presidente dos EUA vai aplicar esses conceitos no governo que se inicia.

Quer saber mais sobre o mundo digital de Obama?
Veja aqui a matéria do Estadão de 3/11/2008

Quer saber mais sobre as notícias de que o Pres. Lula não lê jornais:
Veja aqui a matéria do O GLOBO e a entrevista do Pres. Lula para a revista "Piauí" na íntegra.

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domingo, 11 de janeiro de 2009

A reunião 2.0

Até pouco tempo atrás, falar em reuniões nas empresas era colocar um grupo de pessoas sentadas fisicamente uma na frente das outras, ao redor de uma mesa, tendo normalmente um mediador ou um líder da reunião. As novas tecnologias vêm mudando dramaticamente esse velho conceito. O número de reuniões à distância vem crescendo aceleradamente. A tendência é crescer ainda mais com a tecnologia de telepresença chegando para valer (vejam esse vídeo da Cisco, é divertido).

O interessante, nesse processo, é que mesmo as reuniões físicas (onde todos estão presentes ao vivo e a cores) vêm mudando radicalmente. É normal os participantes abrirem seus notebooks, se conectarem na rede da empresa (com ou sem fio), e participarem da reunião ao mesmo tempo em que trabalham em suas máquinas. Também é comum os participantes se comunicarem via um sistema de mensagem instantânea enquanto o líder da reunião está falando. Esse ambiente, aparentemente caótico, é altamente colaborativo. Essa tendência é irreversível e só vai aumentar.

Assisti a uma palestra onde foi dito que a nova geração Y tem capacidade de trabalhar, em média, em mais de 5 tarefas simultaneamente (já viu o seu filho em casa usando o computador?), enquanto que as pessoas mais velhas, como eu, conseguem somente trabalhar com 1,8 tarefas ao mesmo tempo (puxa, não chega nem a 2!!!) – desculpe por eu não ter anotado a fonte dessa pesquisa... essa foi imperdoável, né?

Para ilustrar, participei de uma longa reunião recentemente, com pessoas de diferentes nacionalidades, onde se falou “portunhol” e inglês e todos usaram e abusaram do computador ao longo da reunião. Tirei uma foto para mostrar o ambiente e mostrar que colaboração e caos são palavras que andam muito próximas.

Enfim, você fica incomodado quando está numa reunião ou palestra e alguém, ao seu lado, abre o notebook ou blackberry e começa a usar? Puxa, é melhor você mudar os seus conceitos... vai piorar...

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sábado, 10 de janeiro de 2009

A agenda de 2009 mudou

Final de ano é sempre um momento de rever amigos e colegas antigos de trabalho. Vai chegando o Natal e começam a surgir oportunidades de conversar com colegas de empregos anteriores, sendo que muitas vezes até saímos para almoçar e trocar figurinhas. Nesse Natal, a tônica foi a mudança da agenda de 2009.

O fato é que todos tratavam 2009 como um ano de intenso investimento e crescimento. A chegada da crise transformou esse cenário. Nas conversas que tive com colegas de várias empresas é que a agenda de 2009 mudou radicalmente. Deixamos de ter aquela agenda “super-positiva” para entrarmos numa outra agenda. Os planos de investimentos e contratações ficam estacionados num canto e entram em cena as discussões de revisões de custos, eficiência operacional e até reformulação do modelo de negócios.

Essa mudança de agenda está transformando 2009 num ano muito mais duro para todo mundo, com sérios impactos nas empresas, afetando toda a cadeia, desde fornecedores até clientes. Todos vão ter que ceder o seu quinhão, num ano em que grandes pressões virão de todos os lados.

O que isso significa? Significa que todos nós, trabalhadores, vamos ter que trabalhar muito mais do que imaginávamos em função desse cenário menos positivo.

Em resumo, esse foi o tema das conversas que tive com muitos amigos de diversas empresas no final do ano passado, quase todos das áreas de tecnologia e telecomunicações. A grande maioria falando a mesma coisa: Em 2009 vamos trabalhar muito mais do que em 2008, vai ser um ano menos divertido e vamos ceder mais tempo da nossa vida pessoal em função da pressão da vida profissional.

Hoje, ao ler a Época Negócios de Jan/09, me deparo com uma matéria que cobre exatamente a conversa acima, A matéria é excelente e se chama “Uma crise na agenda” (páginas 80 e 81). Infelizmente ela não está disponível online.

A matéria está centrada numa pesquisa coordenada pelos consultores Betânia Tanure e Antonio Carvalho e aborda os efeitos dessa “agenda negativa” de 2009. A pesquisa foi feita com diretores de empresas, mas os resultados certamente valem para todos os níveis de trabalhadores. A essência do resultado da pesquisa é que o “impacto da crise econômica sobre a vida profissional e pessoal se dará com o aumento da jornada de trabalho e piora da qualidade da vida”.

Eis dois dados da pesquisa:
- 41% dos executivos prevêem aumento na sua carga horária de trabalho, que muitos já consideram excessiva;
- 35,7% dizem que a qualidade de vida vai piorar, em função da expectativa de enfrentar situações traumáticas como cortes na produção, férias coletivas e demissões.

Ou seja, todos nós, que já reclamávamos do desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, vamos ter motivos para reclamar mais. Eu tenho mais de 25 anos de trabalho nos segmentos de TI (Tecnologia da Informação, ou Informática para alguns) e telecomunicações, que são tipicamente áreas de transformação contínua, pressão constante e intensa mudança de modelo de negócio. Portanto, falar em mudanças e pressão é algo comum no dia a dia de quem trabalha nessas indústrias. Falar em maior volume de trabalho e pressão é um balde de água fria nesse começo de ano, especialmente para quem já convive com isso no cotidiano do trabalho.

Enfim, estejamos preparados para sacudir o corpinho e entrar na dança. Fazer de 2009 um ano melhor depende de cada um de nós, de como vamos encarar os desafios e transformar os limões em limonada.

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O futuro da Comunicação Interna

No evento de Comunicação Interna do IQPC, em Nov/08, eu tive o privilégio de participar de uma mesa redonda com Viviane Mansi, da Merck Sharp & Dohme, e Juliana Marques, do HSBC. O tema do debate foi o Futuro da Comunicação Interna (CI).

Eu apresentei 5 tendências que, na minha visão, vão implicar na transformação da CI.

1- INFORMAÇÃO CADA VEZ MAIS PESSOAL
A CI das empresas estará cada vez mais focada nas pessoas do que nas mensagens corporativas. A explosão das redes e mídias sociais é uma evidência dessa tendência. Vou explicar melhor. As pessoas gostam de ouvir histórias de pessoas, de heróis e de conquistas individuais. A CI cada vez mais se alinhará em torno disso, fazendo com que as mensagens corporativas sejam moldadas em torno de histórias de pessoas.

2- MAIS COLABORAÇÃO E MENOS COMUNICAÇÃO UNIDIRECIONAL
A explosão das redes sociais chegará rapidamente às empresas. CI vai migrar de um modelo unidirecional de comunicação (via email, murais, newsletters impressas, etc) para um modelo de intensa colaboração. Já podemos imaginar que todas as empresas, pequenas e grandes, terão seus blogs, fóruns e orkuts internos. Ousando um pouco mais, podemos vislumbrar um cenário onde a maior parte da CI será feita pelos funcionários para os funcionários.
Nesse contexto colaborativo e meio caótico, eu acredito também que as mensagens e notícias serão cada vez mais curtas, em pílulas, objetivas e diretas. É a visão do menos que é mais. Esse é um viés que já vem acontecendo e que é fruto do volume de informações com que já somos bombardeados todos os dias, e que só vai aumentar.

3- MOBILIDADE
Tudo será móvel nos próximos anos. O computador, a TV, a câmera e o telefone serão uma coisa só. O telefone fixo, aquele ramal parado em cima da mesa, tem os seus dias contados. O funcionário vai estar conectado 24 horas por dia, com equipamentos sofisticados, integrando som e vídeo, com alto poder de processamento. Muitos funcionários passarão a trabalhar remotamente (de casa, no escritório dos clientes, etc). CI terá papel fundamental na formação desse novo trabalhador, exigindo o desenvolvimento de novas estratégias e canais de comunicação.

4- FIM DA FRONTEIRA ENTRE COMUNICAÇÃO INTERNA E EXTERNA
O mundo atual, interconectado, online e 24hs no ar, já sugere que essa fronteira não existe. Porém, a gente continua dividindo as funções dentro das empresas, apesar delas não serem tão estanques e muito menos independentes. Muitas empresas colocam a área de CI dentro de RH e tratam Comunicação Externa apenas como Relações com a Imprensa. Essa abordagem cria uma distância entre CI e CE indesejável. Acho que existe uma tendência forte de CI e CE ficarem na mesma organização e diretamente ligadas à presidência, com o surgimento de ferramentas que atenderão simultaneamente CI e CE.

5- MUDANÇA DO PAPEL E PERFIL DO PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO
Essa é a tendência mais importante e a mais árdua. Enquanto as outras citadas acima vão ocorrer por pressão do mercado, da tecnologia e do ambiente empresarial, essa última tendência é algo que depende quase que exclusivamente da iniciativa e tomada de decisão dos líderes de comunicação das empresas.
Vejo o profissional de comunicação cada vez mais estratégico e menos produtor de matérias. Será cada vez mais gestor da informação e da colaboração. Estará menos preocupado em fazer o tal “jornalismo corporativo” e mais focado em preparar os funcionários da empresa para o novo ambiente de trabalho, que é cada vez mais global, dinâmico, online e com mudanças constantes. Será alguém mais focado em formar pessoas do que informar pessoas. Podemos até imaginar uma mudança de nome de profissional de comunicação para profissional de capacitação. Será um profissional preocupado em ser um agente de mudança e transformador cultural.

No debate, Juliana Marques fez um comentário muito pertinente quando disse que o profissional de comunicação terá que estudar e conhecer antropologia. Concordo muito com isso. Cada vez mais estudar as sociedades humanas, como elas se relacionam e se desenvolvem será importante para a área de comunicação.

Como todo exercício de futurologia, as tendências acima podem ou não ir prá frente, apesar que todas elas, hoje, já são conceitos estabelecidos e discutidos intensamente em todos os fóruns de comunicação.

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domingo, 4 de janeiro de 2009

Cidade na Inglaterra diz NÃO para banda larga sem fio

Em maio de 2008, um estudo do grupo inglês Ofcom mostrou um dado surpreendente: na Inglaterra, o acesso à web via banda larga tem maior penetração nos domicílios rurais do que nos urbanos. O estudo apontou que conexões banda larga (incluindo internet a cabo, satélite e rede móveis de alta velocidade) estão presentes em 57% dos domicílios rurais ingleses. Já nas cidades, esse índice é 53%. Foi a primeira vez que a pesquisa revelou maior penetração na zona rural do que na cidade.

A pesquisa analisa algumas possíveis razões para esse resultado. Uma delas, talvez a mais razoável, é que o cidadão urbano pode viver mais facilmente sem banda larga em casa, já que ele pode usar os serviços de acesso a web no trabalho, na escola ou mesmo numa LAN house (apesar que eu acho que as LAN houses nos países desenvolvidos estão desaparecendo). Já nas áreas rurais, a conexão de alta velocidade à web é fundamental como meio de pagar contas, se instruir, se informar, se divertir e, até mesmo, trabalhar. Faz sentido.

E no Brasil??? Bem, as áreas rurais de nosso país tem outras necessidades antes da banda larga, como por exemplo: infraestrutura de saneamento básico, saúde, educação, transporte, água e energia elétrica. Alguns serviços que nos colocam dezenas de anos atrás da Inglaterra.

Atrás da Inglaterra? Nem tanto. Cada dia aparece uma novidade no mundo, né? Dias atrás tomei conhecimento na Folha de SP de uma notícia surpreendente. Moradores da cidade de Glastonbury, na Inglaterra, estão promovendo uma campanha contra o sistema de internet sem fio na região. A alegação é que a rede WiFi está afetando a saúde da população e causando doenças. Pesquisando um pouco mais, descobri que Glastonbury é uma cidade histórica, com aproximadamente 9 mil habitantes e centro para terapias alternativas e espiritualistas. O sistema de banda larga sem fio é grátis e foi instalado em maio de 2008. A matéria no Daily Telegraph possui alguns depoimentos que surpreendem. Também vale ler a matéria no online da revista inglesa Blackmore Vale.

Enquanto aqui no Brasil nós brigamos pela inclusão digital, alguns ingleses lá pedem a exclusão digital. Vale lembrar que eles não estão contra a internet, e sim contra o sistema de trasmissão sem fio.

Não é a primeira vez que ouvimos falar que a radiação causada pela tecnologia afeta a saúde das pessoas. Já li que os "sistemas sem fio" podem causar dores de cabeça, náusea e dores musculares. Nada disso ainda foi provado, mas a discussão continua. O que surpreende neste caso é a população de uma cidade tomar posição, se mobilizar por uma causa e gerar discussão. Isso sim é bacana e merece atenção. Existem vários sites de protesto e uma campanha online que vale ver. Acesse aqui pois faz a gente pensar. Eles estão usando as mídias sociais na web para mobilizar a população.

Enfim, as redes WiFi é uma realidade e um caminho sem volta, significam inclusão digital, cidadania, democracia e desenvolvimento. Porém, entender os seus impactos na saúde é uma necessidade imediata. Valorizo esse caso na cidade de Glastonbury pois provoca uma discussão oportuna e importante para toda a sociedade do planeta.



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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Marca do Banco Real vai desaparecer em 2010

No dia 29/12, o Valor publicou mais uma matéria sobre a fusão do Santander com o Real. No início de dezembro, a Gazeta Mercantil já havia anunciado que a marca do Banco Real vai desaparecer em 2010.  Ato corajoso essa do Santander, né?

Na verdade o Santander se encontra numa verdadeira sinuca, ou mantém o malabarismo atual de trabalhar com duas marcas de banco ou parte para a jornada de fundir as duas marcas.

Segundo o jornal, no segundo semestre de 2010 é que o grupo Santander planeja iniciar o processo de substituição da marca da companhia adquirida, adotando a partir daí somente o nome Santander.


O que me chama atenção é o diretor-executivo de gestão de marcas (sim, eles têm isso...) do Grupo Santander Brasil falar que não se trata da “morte da marca Real” e que o processo de substituição será feito de modo cuidadoso e “sem rupturas”.  Ele diz também que “os valores da marca Real serão incorporadores pelo Santander”.

Mais do que a marca, sistemas, modelo de negócios e infraestrutura, parece que o grande desafio mesmo é a integração cultural. Na entrevista de 29/12 no Valor, o presidente do grupo Santander Brasil, Fabio Barbosa, fala que a integração cultural vai muito bem. Um comitê formado por quatro executivos provenientes do Santander e quatro do Real, comandados pelo próprio Fabio Barbosa, dirige o grupo. Barbosa quer combinar a agressividade e inovação comercial do Santander com a preocupação com a sustentabilidade e relacionamento com os clientes do Real. "Criaremos provavelmente uma terceira cultura."

Cá entre nós, eu acho que esse papo de fusão não existe, o que vai ocorrer é a marcar Santander engolir a marca Real. A marca Real vai morrer sim. Eu, como cliente do Banco Real, já tenho que ir me acostumando com o novo banco que vem por aí.


Na minha visão de cliente e espectador, o grande dilema é a diferença de atributos que os dois bancos carregam. Enquanto o Banco Real é o banco da sustentabilidade, da terceira idade (projeto “Talentos da Maturidade”) e conservador, o Banco Santander se apresenta como o banco das idéias, da tecnologia e da velocidade, como bom patrocinador que é da Fórmula 1. Um é o banco de anúncios mais inspiradores e visionários, enquanto o outro é de anúncios mais elétricos e competitivos. Um é verde e amarelo, forte símbolo brasileiro, o outro é vermelho vibrante, denunciando ser um banco estrangeiro. Um é forte patrocinador de projetos culturais no país, enquanto o outro já anunciou patrocinar a Ferrari em 2010. Será que dá prá fundir empresas e marcas com atributos tão distintos???? É só entrar nos sites dos dois bancos para ver as diferenças.

Enfim, estamos diante de um grande caso de gerência de marca e fusão de culturas diferentes. Vale a pena ficar de olho e aprender com eles. Eu já liguei meu radar...
 


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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Não mate o mensageiro

Hoje naveguei pelos meus blogs favoritos e me deparei com um excelente post do Gaulia. Não resisti e decidi escrever um post rápido a respeito dele. Copiei até o mesmo título do post dele. Se é prá copiar, então vamos fazer o serviço completo, né?
O post do Gaulia tem o mesmo título do texto de Jack Welch e Suzy Welch publicado na revista Exame (edição 934): “Não mate o mensageiro”.
As empresas gastam fortunas com “media training”, regras rigorosas de relacionamento com a imprensa, restrição e controle dos porta-vozes e longos debates internos para decidir o que e quando falar com a imprensa. Isso tudo é importante e tem seu valor, mas nada é mais importante do que o “velho” bom-senso, camaradagem, transparência, disponibilidade e honestidade no relacionamento com a mídia. Infelizmente, muitas empresas esquecem disso e trocam os pés pelas mãos na conversa com a imprensa.
O relacionamento com a imprensa segue os mesmos preceitos do relacionamento com os clientes, parceiros e funcionários. As regras, os prós, os contras e os benefícios são os mesmos.
Enfim, acho que o texto da Exame vale um media training. Aliás, gastamos um tempo precioso no media training para contar o que texto apresenta de modo muito feliz.
Concluindo... não dá prá deixar de ler o post do Gaulia e o texto da Exame. Seria muito legal que os porta-vozes das empresas também pudessem ler esse material.


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