quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O e-mail não será extinto até 2015

Recentemente, Cezar Taurion, Ger. de Novas Tecnologias da IBM, participou de um evento onde, segundo os jornais, soltou a seguinte frase: “O e-mail deixará de existir dentro de cinco a sete anos”. Claro que ele disse isso dentro do contexto do painel em que participava, mas a frase foi suficientemente impactante para gerar repercussão. Aí alguém fez a conta. Estamos em 2008, somando sete, dá 2015. Pronto, já temos data para que o e-mail desapareça da face da Terra, da mesma forma que os dinossauros. Agora, Taurion será cobrado eternamente dessa tal previsão.

O mais incrível é que a notícia repercutiu forte. No mesmo dia, ao longo do evento, um veículo online publicou uma matéria com o seguinte título: “E-mail deve ser extinto até 2015”. Imediatamente o milagre da multiplicação começou. A notícia foi replicada nos onlines e nos blogs, com o mesmo título. Bastou o tempo de fazer um “cut and paste” para publicar a matéria. Prá confirmar o fenônemo, eu resolvi entrar no Google e digitar exatamente a frase que estampei acima. O Google apontou centenas de entradas. Ou seja, a notícia vem sendo copiada por aí indiscriminadamente, em veículos online importantes e blogs de grande popularidade.

Infelizmente, para nossa tristeza, o e-mail não vai acabar em 2015. O que Taurion deve ter dito foi algo do tipo: “O e-mail, dentro de cinco a sete anos, deixará de ser o principal de canal de comunicação entre pessoas e empresas”. Para tirar a dúvida, vejam esse post que Taurion publicou em seu blog na véspera do tal evento. Lá explica o que ele planejava falar no painel. Ele diz que a geração Y dedica um tempo enorme, diário, a softwares de mensagem instantânea (como MSN) e sites de relacionamento e que os jovens querem essa nova tecnologia dentro do trabalho. Por outro lado, as empresas têm enorme dificuldade de lidar com essa nova tecnologia, alegando falta de controle e improdutividade no ambiente de trabalho. Essa nova geração não gosta de e-mails e de ferramentas de baixa interatividade. Em algum momento, essa nova geração vai assumir os postos gerenciais e de decisão nas empresas, até lá vamos passar por uma grande transformação.

Hoje eu participei de um evento na ABERJE-Rio que teve a presença de 160 profissionais de comunicação. Perguntei à platéia, se as empresas, em que trabalhavam, permitiam aos funcionários acessarem e usarem MSN e redes sociais em seus ambientes de trabalho (orkuts da vida). Aproximadamente metade da audiência respondeu que tinha acesso ao MSN em seu trabalho, mas menos de 1/3 respondeu dizendo ter acesso às redes sociais ou facilidade para criar blogs. Ou seja, as empresas ainda estão engatinhando nesse novo mundo interativo digital.


Enfim, não deixe de ler o post do Taurion e constatar que o email não vai terminar em 2015.



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domingo, 26 de outubro de 2008

Manual do Blog da IBM - Política e uso

Como profissional de comunicação da IBM, por várias vezes participo de eventos de mercado onde o assunto BLOGS aparece. Quase sempre a conversa começa com a pergunta: A sua empresa tem blog? Quando respondo que temos mais de 10 mil blogs dentro da IBM e que, a cada dia, surge um novo, o pessoal se surpreende e quer saber mais. Aí sempre conto uma historinha.

E
m 1997, quando a Internet surgia comercialmente e muitas empresas restringiam o acesso dentro do ambiente de trabalho, a IBM tomou uma direção diferente e motivou os funcionários a conhecer e navegar na rede. Em 2005, a IBM tomou a decisão estratégica de abraçar a blogosfera e passou a incentivar seus funcionários a experimentar e usar as novas tecnologias como blogs e wikis.

Atualmente temos mais de 10 mil blogs e 15 mil wikis dentro da IBM mundial. Somos mais de 380 mil funcionários no planeta. Obviamente que, para manter a ordem e organizar esse “caos”, são necessárias regras e controles, mesmo sabendo que esse mundo de mídia social digital não gosta de controles. Fabio Cipriani, em seu excelente Blog Corporativo , considera que um dos 10 principais erros nos blogs corporativos é não estabelecer regras e normas. Muitas empresas caem nessa armadilha e começam a incentivar o uso de blogs sem combinar antes com os funcionários algumas regras.

A IBM pensa da mesma forma e publicou um conjunto de normas que chamou de “IBM Social Computing Guidelines”, que contempla princípios e instruções a respeito da criação e uso de blogs, wikis, redes sociais, mundos virtuais e mídia social em geral. Clique AQUI para acessá-lo. Considero o documento excelente. Ainda existem muitas empresas que pensam em implementar algo parecido, mas tem dificuldade de começar. Portanto, o documento
indicado pode servir como uma excelente base de trabalho.

Para dar um exemplo real e eficaz do que significa colaboração para IBM, sugiro acessar o developerWorks community . Em minha opinião, é um dos melhores exemplos de comunidade virtual que funciona muito bem, pois abraça um belo conjunto de ferramentas web 2.0 (não deixe de navegar nas abas “blogs”, “wikis”, “fóruns”, etc).


Um comentário final. Eu disse que a IBM tem 10 mil blogs internos, mas esse meu aqui é externo, portanto não entra na contagem da IBM.


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sábado, 25 de outubro de 2008

As maiores redes sociais do mundo

De vez em quando eu tenho oportunidade de conversar sobre redes sociais com alguns colegas de trabalho dos EUA. Eles têm muita dificuldade de entender o sucesso do Orkut aqui no Brasil. Nas minhas conversas, eu sempre saio com a sensação que o Brasil é uma espécie de ovelha negra das grandes redes sociais globais.

Recentemente, o excelente blog inglês OXYWEB , publicou um mapa da popularidade das redes sociais no planeta. O mapa foi construído, e é atualizado mensalmente, a partir das informações disponibilizadas pelo Alexa, que é um serviço de internet que mede quantos usuários de Internet visitam um site da web. Abre parênteses: o dono do Alexa é a Amazon.

Voltando ao mapa, tenho que confessar que o mapa derrubou um mito que eu tinha na minha cabeça: que o Myspace e o Facebook dominavam o mundo das redes sociais no mundo. Não é não. Existem outras rede sociais pelo mundo. Vale a pena ver o mapa e descobrir que o Orkut não é só estrela no Brasil
. Aliás, Danah Boyd, em sua apresentação no Digital Age 2008, já havia falado sobre isso, mas sem evidenciar números.

O
mesmo blog também publica o mapa da popularidade das ferramentas de busca (também com base no Alexa). O Google lidera. Mas na Ásia, Rússia e parte da Oceania, a liderança é ocupada por outros serviços.

Por fim, se a curiosidade ainda continua ativa, dá um pulo no Alexa, exatamente aqui, e faça você mesmo suas consultas. É divertido.


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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Waldez Ludwig

Em 2007, Waldez Ludwig foi no programa Sem Censura e deu uma excelente entrevista. A entrevista foi muito boa, gerou tanta repercussão que ela acabou sendo distribuída viralmente pela Internet através dos youtubes da vida. A gravação da entrevista foi dividida em partes e virou figurinha fácil em centenas de blogs e fóruns sobre trabalho, empresa e administração. Enfim, em linguagem atual, podemos dizer que os vídeos bombaram.

Waldez Luiz Ludwig se apresenta como professor, consultor e palestrante. Quer saber??? Ludwig é mesmo palestrante, o resto ele já foi um dia. O cara é muito bom de palestra, apesar que existem alguns que dizem que ele é falastrão e speaker de frases feitas. O fato é que ele consegue juntar muita informação boa, de maneira coerente e interessante, com mensagens de valor, além de fazer a gente pensar. Só acho que, de vez em quando, ele exagera um pouco nas caras e bocas.

Eu tive uma experiência com Ludwig muito interessante. Há mais de 10 anos atrás, eu recebi um convite de uma empresa para assistir uma palestra com um consultor que estava surgindo. Ele ainda era meio desconhecido, mas todos comentavam que as pessoas saíam encantadas das apresentações dele. O evento, pasmem, era no antigo Metropolitan no Rio de Janeiro (que depois se chamou ATL Hall, que passou para Claro Hall e finalmente é hoje Citibank Hall), uma casa de show para 8 mil pessoas em pé. Eu entrei no Metropolitan, que naquele dia estava repleto de mesas e cadeiras, e estupefato fui vendo o auditório encher, com quase duas mil pessoas, para assistir um cara fazer uma apresentação de motivação e gestão empresarial, usando transparências num velho projetor a lâmpada, com imagem amarelada e sem animação , numa tela de pano de 300 polegadas. O apresentador era “um tal” de Waldez Ludwig. Após 1h30 de apresentação, o auditório veio abaixo, com quase 2 mil pessoas de pé, batendo palmas, com a mesmo euforia que eu vi uma vez no Lago dos Cisnes no Teatro Municipal. Resumindo, o cara é um encantador de pessoas.

Num momento em que todo o mundo fala em inovação e a importância das pessoas nas organizações, vale a pena ver o mini-vídeo de 5 min de Ludwig no programa Sem Censura. Ele pega a espaçonave e pousa na Terra, ou seja, traduz de forma simples e motivadora o verdadeiro conceito da inovação nas empresas e o papel das pessoas nessa jornada. Ele consegue tornar algo, que parece complexo, numa visão simples e lógica. Imperdível.

Para complementar, também recomendo o acesso a esse link aqui. Trata-se de uma entrevista de Max Gehringer para Computerworld onde ele dá uma visão do profissional do futuro da área de tecnologia da informação. Seus comentários complementam muito bem os pontos apresentados por Ludwig.



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domingo, 19 de outubro de 2008

Vamos entrar todos juntos em crise? OK. Combinado.

Ontem, li um excelente post de Mario Soma em seu blog. Veja aqui.
Mario está certíssimo. Esse negócio de crise generalizada gera um espiral difícil de entender e de dominar.
Parece que todo mercado combina assim:
-- Vamos entrar em crise? Todo mundo topa entrar em crise? Então tá. Estamos em crise a partir de agora.
Confesso que, na minha avaliação, parte desse processo cabe aos profissionais de comunicação que adoram uma boa chamada de capa.

Na quinta passada, eu tive conhecimento de um caso de um empresário que é emblemático. Esse senhor, que é um grande distribuidor nacional, disse que trabalha com quatro grandes fornecedores de material eletrônico. Ele contou que um dos fornecedores resolveu aumentar imediatamente os preços em 15%, já se antecipando a uma possível inflação ou especulação de mercado. Dois outros fornecedores, que são multinacionais, decidiram diminuir a produção, considerando que o mercado vai desacelerar, e seus produtos já começam a faltar. O último fornecedor continua firme, produzindo e vendendo seus produtos no mesmo ritmo e com o preço antigo, honrando seus contratos, sem dar bola para crise. O que ocorreu? Esse grande distribuidor, um dos três maiores do Brasil, passou a concentrar suas compras no último fornecedor, que praticamente triplicou seu volume de negócios com o distribuidor em apenas duas semanas. Ou seja, num período de 15 dias, esse fabricante de produtos eletrônicos ganhou dois pontos percentuais de participação de mercado no segmento em que atua, o que significa algumas dezenas de milhões de dólares por mês.
Esse mesmo empresário, que também é um grande distribuidor de comida industrializada no país (enlatados, biscoitos, massas, grãos, etc), disse que o fornecimento de comida para o interior do país - que alimenta os mercadinhos, as biroscas e os comerciantes individuais – continua forte e em crescimento. O consumo continua superaquecido. E por que isso acontece? Segundo o empresário, é porque esses comerciantes do interior não sabem que estamos em crise. Ninguém combinou com eles, nem com os clientes deles. Ou seja, no interior do país a crise não existe. A crise existe mais nos jornais e na mídia do que na vida real. Enfim, os comerciantes do interior não sabem que todos combinaram entrar em crise.

Eu acho que o pessoal de comunicação nas empresas tem um papel importante nesse cenário pré-catástrofe. Grosseiramente, podemos dividir em três perfis:

- têm aqueles que adoram falar da crise, mostrar dados, falar do caos e reverberar as previsões catastróficas dos analistas. Ou seja, são aqueles que amplificam a crise;

- têm aqueles que são passivos, que vêem a crise, até falam e escrevem a respeito dela, mas que agregam pouco valor ou conhecimento ao que já existe nos jornais. Ou seja, são os expectadores da crise;

- e têm aqueles que agem como o Mario fala em seu post. Ou seja, ampliam a conversa com o ecossistema da empresa, criam canais de comunicação de mão dupla, permitem que os empregados conversem abertamente sobre o tema, criam oportunidades que ajudam e educam as pessoas a respeito desse cenário, etc. São os que preservam a transparência e incentivam a pluralidade de visões a respeito do tema, aqueles que buscam diferentes meios de conversação, pontos de vista alternativos e análises sob diversos prismas. Estabelecer essa visão é fator importante na comunicação interna e externa das empresas.

Enfim, vale muito a pena ler o post do Mario.




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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Os 5Cs da comunicação moderna

Há pouco mais de 3 anos, eu fiz uma palestra externa onde falei sobre os 5Cs da comunicação moderna. Não é nada muito diferente do que ouvimos e lemos na mídia, mas fica interessante quando juntamos as coisas pois nos faz pensar.

A comunicação nas empresas vem evoluindo rapidamente. Muitas dessas transformações vêm no rastro da própria evolução da sociedade e da globalização, mas sem dúvida, o avanço e a popularização da tecnologia da informação é que permitiram a era da informação que estamos vivendo. Os computadores e a internet são as grandes estrelas desse processo. Essa dinâmica vem mudando radicalmente a comunicação nas empresas.

Eis os 5Cs da era da comunicação moderna.

CONHECIMENTO
O conhecimento está espalhado dentro das empresas. A era da informação escondida, da informação concentrada em poucas cabeças e da informação protegida está acabando. O verdadeiro capital intelectual das empresas está contido na cabeça de todos os empregados. Cada um tem conhecimento, experiência e interfere nos processos e no sucesso das empresas. O grande desafio é: como juntar esse conhecimento? Na verdade, é até pior: como achar e conectar esse conhecimento distribuído?
O desafio não existe somente dentro das empresas. O mesmo se passa fora. O conhecimento agora está com os clientes pois estão muito mais bem informados. A empresa não sobrevive mais sem conversar e criar um diálogo aberto e franco com os clientes. O sucesso das empresas passa por saber trabalhar o enorme conhecimento distribuído dentro e fora das organizações.

COMUNIDADES
A organização corporativa, da maneira hierarquizada e rígida como conhecemos, está com seus dias contados. As pessoas hoje se juntam em comunidades. Isso acontece dentro e fora das empresas. Saber conversar com esses grupos é o novo desafio das corporações. Não estou falando das organizações tradicionais hierarquizadas. Estou falando de comunidades formadas por pessoas que têm interesses comuns, hobbies comuns, que falam a mesma língua ou jargão mas que não necessariamente pertencem ao mesmo departamento, ou tem o mesmo chefe, ou estão no mesmo escritório ou fábrica ou vivem na mesma cidade. Essas múltiplas tribos existem dentro das empresas. Essa capacidade de identificá-las, e criar oportunidades de diálogo, pode fazer muita diferença para as empresas. Juntar essas pessoas ao redor de discussões comuns é o melhor caminho para compartilhar conhecimento. O mesmo ocorre fora das empresas. O mesmo se passa com os clientes. Não estou falando para as empresas abandonarem a velha segmentação de cliente (perfilada por geografia, perfil de compra ou idade), que tem sua utilidade e ainda continua em vigor. Mas posso garantir que essa metodologia de segmentação de mercado ainda tem que evoluir muito.

COLABORAÇÃO
As pessoas querem compartilhar. As pessoas querem contar e ouvir histórias de pessoas, querem trocar experiências. A explosão das redes sociais é o melhor exemplo desse fenômeno da sociedade. A palavra-chave para todas as empresas deveria ser colaboração. Como fazer as pessoas se colaborarem mais? E não estou falando somente dos empregados da empresa. Estou falando também dos clientes, dos formadores de opinião, dos fornecedores e outras entidades relevantes na cadeia de relacionamento das empresas.
Em resumo, temos um enorme conhecimento distribuído, com as pessoas organizadas informalmente em comunidades e todas querendo se falar, compartilhar informação e saber o que as outras estão fazendo. Mas por que as empresas relutam em reconhecer e investir nesse novo ecossistema?

CAOS
Esse é o C que mais gosto. Porque um mundo colaborativo, onde cada um fala com qualquer um, onde todos falam com todos, onde as comunidades crescem e evoluem a cada dia, onde você desenvolve relacionamentos virtuais com pessoas que não conhece, é ou não é caótico? É claro que sim. O mundo de colaboração intensiva é meio caótico. É um mundo sem controle, sem padrão, em mudança constante. E as empresas odeiam esse ambiente. As empresas gostam e precisam de controle. Ou seja, as empresas resistem a entrar nesse mundo, ou até a experimentá-lo, devido a esse ambiente caótico. Mas esse caminho é inevitável. Aliás, nós já estamos nele. O segredo é criarmos mecanismos para organizar o caos. Poderíamos chamar de caos organizado. Esse conceito já existe e várias empresas já entraram nele. São ambientes repletos de bogs, wikis e outras ferramentas web 2.0. As empresas ainda estão descobrindo essa nova era caótica.

CULTURA
As empresas, para entrarem nesse novo mundo, precisam soltar as amarras da organização. Precisam liberar os empregados para falarem o que pensam. Precisam criar fóruns e espaços para que as comunidades internas apareçam e influenciem positivamente as organizações. E essa não é uma mudança fácil, não é uma mera decisão administrativa. É mais do que isso. Essa é uma transformação cultural, significa ousadia e risco. A verdade é que essa mudança já está ocorrendo de forma intensa na sociedade. A geração Y está fazendo isso bem debaixo dos nossos olhos, porém as empresas são lentas. Os processos, a burocracia e os controles impõem barreiras enormes para essa transformação. Falar em colaboração significa remover barreiras de hierarquia, criar redes de relacionamento, onde o presidente fala direto com o empregado mais humilde, sem a interferência e o filtro de assessores.

Os 5Cs da comunicação moderna já são uma realidade. Cabe as empresas decidir se vão se antecipar ou se vão ser atropeladas pela transformação da sociedade. De tudo que falamos, eu não tenho dúvidas de dizer que o maior desafio é o cultural.

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sábado, 11 de outubro de 2008

O lado shakespeariano dos Comunicados

Hoje, ao abrir o jornal, eu vi um comunicado que me motivou a escrever esse post. Antes, é preciso esclarecer o que chamo de comunicado. Estou falando daqueles comunicados que nós vemos nas mídias impressas (tipicamente nos jornais), que muitas vezes aparecem com a frase “informe publicitário” em cima, ou algo parecido. São anúncios retangulares, que normalmente ocupam ¼ ou ½ pagina de jornal. Eu já vi alguns comunicados de pagina inteira, mas são raros. Eu não estou falando dos anúncios de obituário não... olha lá.

O comunicado é um recurso usado pelas empresas para esclarecer algum assunto não comercial (para assuntos comerciais o caminho usado é o anúncio publicitário tradicional), que muitas vezes diz respeito a alguma enrascada em que as empresas estão metidas ou alguma situação onde a credibilidade e respeito pela marca correm perigo. É claro que também existem comunicados anunciando fatos positivos. Muita atenção para não confundirmos com o press release tradicional. A publicação do comunicado segue o mesmo procedimento do mercado publicitário, ou seja, a empresa paga ao veículo pela publicação do comunicado.

O grande lance do comunicado não é comunicado em si, que normalmente tem uma linguagem burocrática, coloquial, e que passa pelo crivo de toda equipe jurídica da empresa (provavelmente até a mãe do diretor jurídico também dá pitaco no texto do comunicado). O “X” da questão do comunicado é: publicar ou não publicar o comunicado. Essa decisão merece reflexão. É o lado shakespeariano. “To be or not to be”. “To publish or not to publish”. Isso, tradicionalmente, é um dilema para as empresas, é motivo de muitas reuniões internas. Ao publicar um comunicado, a empresa mostra publicamente que está preocupada com aquele assunto, que aquele tema é muito importante para ela. Dependendo do assunto, se for algo muito sensível, o comunicado pode evidenciar uma falha ou risco que fragiliza a empresa, e acaba dando conhecimento amplo para o público quando apenas parte dele provavelmente conhecia o problema. A imprensa aproveita também para comentar que tal empresa publicou tal comunicado porque tal problema está acontecendo. Enfim, o comunicado tem grande chance de pautar a mídia.
Obviamente que existem comunicados do lado “positivo da força”, como por exemplo, a comunicação de uma fusão ou aquisição. Existem outros complicados, como o tradicional “recall” (muito comum para as montadoras de automóveis), que normalmente são publicados por imposição da lei.

Eu lembro que na crise dos Correios em 2005, quando muitas empresas foram citadas nos casos dos Correios e do Mensalão, ocorreu uma profusão de comunicados nos jornais. Foram mais de 50 comunicados publicados em apenas 30 dias. Eu estudei todos eles profundamente. Desde então eu passei a colecionar comunicados e tenho mais de uma centena comigo. Têm de tudo, alguns muito positivos, alguns inadequados e alguns bem ruins. Estou me tornando um “expert” nisso...

Existem muitas empresas que não consideram o uso de comunicados em sua estratégia de comunicação, enquanto outras usam e abusam desse recurso. Um uso também muito tradicional de comunicado é o que saiu hoje no “O Globo”, quando determinado evento público sofre alguma mudança não programada de grande impacto. Veja ao lado. Clica em cima para ampliar.

Voltando ao começo do post, o que me motivou a escrever sobre esse temas foram dois comunicados publicados hoje no “O Globo”. Um da Votorantim e outro da Whirlpool (dona as marcas Brastemp e Consul). O pano de fundo é o mesmo nos dois casos: a crise global que se aprofunda a cada dia. Essa crise vem trazendo sérios transtornos de negócio em todos os mercados. Essa sucessão de fatos já começa a afetar algumas marcas globais, que muitas vezes acabam entrando em notícias especulativas ou contraditórias, impactando diretamente sua credibilidade, podendo criar uma espiral negativa de difícil de reversão. Nessa hora, a empresa muitas vezes tem dificuldade de se posicionar na imprensa ou a própria imprensa não dá espaço para a empresa se pronunciar. É aí que o recurso do comunicado pode ser muito oportuno e conveniente.

Dois comunicados de hoje, no jornal, endereçam exatamente esse ponto.
No primeiro, a Votorantim esclarece que não tem exposição cambial, que sua geração de caixa é saudável, que tem uma história de 90 anos e que mantém sua crença no desenvolvimento do país.
O outro me chamou ainda mais a atenção. A Whirlpool publica um comunicado convidando às pessoas a refletirem sobre a atual situação dos mercados, no Brasil e no mundo. Ou seja, é a empresa pedindo para as pessoas pensarem sobre o que está acontecendo. No final, a Whirlpool reitera o compromisso da empresa com o país e com os consumidores. Enfim, é um comunicado diferente, não muito tradicional, ele não comunica um fato específico , ele simplesmente pede para as pessoas pensarem. Enfim, vale refletir sobre o comunicado e a estratégia concebida pela empresa.

Voltarei ao tema em breve. Veja os comunicados abaixo. Clica em cima para ampliar.



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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Danah Boyd - Parte 2

Eis a segunda parte do que aprendi com Danah Boyd em sua palestra no Digital Age 2.0. Não deixe de ver a primeira parte.
Danah disse que algumas propriedades da web e das redes sociais online são flagrantes e estão mudando as dinâmicas das relações.

Persistência
Na web, o que você escreve fica. Quando você está no parque com os amigos, sentado no banco da praça, as coisas são ditas e esquecidas. No mundo online é diferente, o que você fala (ou melhor, escreve) fica registrado. Isso muda a dinâmica da conversa. Faz você pensar muito mais se aquilo que está escrevendo está coerente com seu perfil na rede. A perenidade muda a dinâmica da relação.

Replicabilidade
Na rede podemos analisar a “replicabilidade” sobre dois aspectos. O primeiro aspecto é que tudo que você escreve pode ser replicado em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, sem você ter a mínima idéia de que isso está acontecendo. O segundo aspecto é que, na rede, as coisas são copiadas de um lugar para outro e você acaba não sabendo mais qual é o original. Você pode copiar e mudar um pouquinho, e de repente aquilo se torna de sua autoria. Mas quem disse que autoria é importante?? Na rede tudo pode ser copiado e ganhar pernas em segundos.

Escalabilidade
No mundo online você pode ser ouvido por milhares de pessoas, intencionalmente ou não. Você pode escrever algo com a expectativa de ser pouco visto e ouvido, mas as coisas podem crescer de maneira surreal e descontrolada. Uma fofoca apimentada pode ganhar proporções inimagináveis.

Possibilidade de busca
Nas redes sociais as pessoas passaram a ser encontráveis. Existe a dinâmica de você procurar pessoas e ser buscado. A localização, fuso horário e distância deixaram de ser um problema. Os mais velhos passaram a encontrar amigos e colegas antigos que não viam há anos. Redes como Orkut são especializadas nisso.

Existem mais duas características que merecem ser comentadas.

Platéia invisível
Existe uma audiência invisível. Você não sabe quem está olhando e acompanhando você. São pessoas cujo perfil, estilo e interesse você desconhece. E esse é o grande desafio para os profissionais de marketing e comunicação que trabalham com redes sociais, pois eles nunca conseguem saber quem está do outro lado da rede.

O dilema entre o mundo online e offline
As pessoas criam no mundo online uma versão melhorada de si próprias. Elas colocam o melhor no online. E como conviver com o perfil sonhado no online com a realidade no mundo real (offline)?? Existe um ligação nisso, pois muitos amigos no mundo online são também amigos no mundo real. Enfim, existe uma dinâmica interessante nisso.

Danah fez vários comentários sobre Facebook e MySpace, também gastou muito tempo contando a história e os razões de sucesso do Orkut no Brasil.

No final do evento, quando a palestra abriu para Qs&As, eu fui o primeiro a fazer uma pergunta para ela. Perguntei a ela sobre como vão as redes sociais nas empresas e exemplos de sucesso no mundo. Ela respondeu em “embromation mode”, ou seja, falou algumas coisas óbvias e não deu substância na resposta. Enfim, fiquei decepcionado. Ou ela não tinha realmente algo para contar, ou achou que esse não era um assunto interessante naquele momento. Mas isso não tirou o brilho de sua palestra.

Aqui fecho o ciclo sobre Danah Boyd. O resumo disso tudo é que a mídia social é algo ainda muito novo para todos nós. Para os profissionais de comunicação e marketing que trabalham com isso, existem dois pontos importantes:
- entender as diferentes dinâmicas;
- fazer as coisas que fazem sentido para as pessoas da rede e não para os "gurus" de marketing.

Estamos na ECONOMIA DA ATENÇÃO. As empresas têm que se arriscar na mídia online e social, mesmo que isso resulte em diálogos positivos e negativos. O importante para as empresas é estabelecer um diálogo franco e aberto com o mercado, pois é isso que o mercado quer e espera das empresas de sua preferência.

Não deixe de trabalhar nas mensagens negativas. Pegue sua marca e trabalhe nessa dinâmica positiva e negativa. O importante é expor a marca e fazer com que o mercado fale de você. Afinal, estamos no MUNDO DA ATENÇÃO.

Aproveitando, vale a pena ver a entrevista de Danah para IDGNow, veja aqui.

Também recomendo o excelente artigo publicado por Cezar Taurion na Computerworld falando sobre redes sociais. Veja aqui.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Danah Boyd - Parte 1

Na semana passada eu participei do excelente evento Digital Age 2.0. O evento é uma oportunidade muito especial de ouvir especialistas em Internet e na tal web 2.0, além de conhecer casos e experiências pelo mundo. Considero um evento muito rico para quem trabalha com comunicação e marketing.

A apresentação que mais gostei foi de Danah Boyd, que falou bastante sobre redes sociais e me colocou uma tonelada de pulgas atrás da orelha. Acho que saí até andando de lado do auditório de tão pesada que minha cabeça estava. Sendo honesto, ela não trouxe muita novidades ao juntar os pontos ela transformou sua apresentação num grande momento e me fez pensar muito no que devo investir em comunicação no próximo ano.

Eu vou dividir o papo de Danah em dois posts. Eis alguns pontos que anotei tentando fugir do blá-blá-blá tradicional.

Perfis nas Redes Sociais
Todos mentem ao preencher os perfis nas redes sociais. E ela repetiu: todos. As pessoas mostram como gostariam de ser ou o que aspiram. Segundo Danah, o perfil é a representação digital do que você gostaria de ser.

Rede de Amigos
Não é razoável ter milhares de amigos. Na web, a rede de amigos não é a verdadeira rede de amigos do indivíduo. A rede de amigos é uma platéia. A rede funciona como um auditório onde todos estão ali para ouvirem você. É uma chance de socialização. Amigo no site não é a mesma coisa de amigo na vida real, portanto, o relacionamento com “amigos” no mundo online é bem diferente do mundo real.

Comunicação
Nas redes sociais é um “vai e volta” sem dizer absolutamente nada. Parece que a gente não diz nada realmente sério, mas estamos mantendo contatos sociais. Nós afagamos uns aos outros como fazemos com os cães. Danah disse que “nós somos cachorros online”. Estar numa rede social é como estar num banco de jardim no meio da praça, sem nada muito relevante para fazer, meio de bobeira. Aí a gente fala uma besteira qualquer, o seu amigo responde com uma besteira maior ainda, e a conversa vai sendo levada, sem muito compromisso.
As redes sociais são espaços públicos, ou seja, espaços para saber o que está acontecendo, fofocar, fazer política, etc. É praticamente um palco onde você fala para todos. E, nesse contexto, a dinâmica da comunicação é diferente.

O resumo disso é que as redes sociais são muito mais que meros locais de interesse comum. São ambientes onde as pessoas são personagens do que elas desejam ser, quase atores, com uma platéia disponível e cheia de carências. É mais ou menos assim: “-- Olha, você faz parte da minha platéia que eu faço parte da sua platéia”.

sábado, 4 de outubro de 2008

Hype Cyle 2008

O Gartner, que criou o conceito de Hype Cycle já comentado nesse blog (ver aqui), publicou em agosto um reporte apontando as 27 tecnologias emergentes que se destacarão nos próximos 10 anos. Muitas dessas tecnologias já não são tão novidades assim, já que são temas muito discutidos na mídia e dentro das empresas. Mas existem algumas novidades. Eis o link para o press release divulgado pelo Gartner.

Concordo quando eles falam que a tal web 2.0 (que muitos têm dificuldade de definir pragmaticamente do que se trata) está na fase da desilusão, até porque todos continuam ansiosos esperando pelas mirabolantes transformações tão prometidas pela chegada dessa nova tecnologia.

Vale a pena ver a figura abaixo que posiciona as tecnologias dentro da hype cycle em seus estágios de expectativa.


Mas o que me chamou atenção no reporte do Gartner foi o destaque para duas tecnologias que impactarão tremendamente a comunicação corporativa.

A primeira é a “Video telepresence”. Num mundo globalizado onde as barreiras geográficas vêm desaparecendo rapidamente, essa tecnologia vai sem dúvida mudar as coisas. Esse link no wikipedia impressiona pois mostra os impactos na sociedade.

A segunda é o “Microblogging”. O tradicional blog já é uma realidade, mas agora surge forte o “microblogging”, que nada mais é o que o próprio nome sugere, ou seja, os blogueiros “postam” pequenas mensagens, de maneira intensa e regular, falando sobre suas atividades, idéias e percepções. É quase o conceito do velho diário em papel que muitos adolescentes faziam antigamente. A grande diferença é que o antigo diário era algo pessoal e confidencial, guardado a sete chaves. O “microblog” é diferente, ele existe para ser público, para muitas pessoas ler e comentar. Enfim, vivemos novos tempos. O serviço mais conhecido é o twitter, que vem explodindo no mundo todo.

O importante de estudos como esse é sinalizar o que vem por aí e permitir que antecipemos as coisas. Uma evidencia inquestionável é o numero de tecnologias voltadas para colaboração.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O futuro dos jornais

No dia 23/09/2008, a GloboNews veiculou um programa especial cujo tema era “A revolução das novas mídias”. O sub-tema era “Qual é o futuro dos jornais”. Como profissional de comunicação, é claro que eu me interessei muito e sentei prá ver. Fiquei ainda mais motivado ao saber que o mediador seria Tonico Ferreira, jornalista experiente e muito bem preparado. Veja o link aqui.

Os debatedores do programa eram:
Eleonora de Lucena – Editora Executiva da Folha de São Paulo;
Ricardo Gandour – Diretor de Conteúdo do Grupo Estado;
Rodolfo Fernandes – Diretor de Redação do O Globo.

Ao saber dos nomes dos participantes eu fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz, pois teríamos na mesa os executivos líderes dos principais jornais do país. E triste quase pelo mesmo motivo, pois a discussão ficaria limitada aos principais jornais do país, ou seja, seria uma discussão com pessoas do mesmo perfil, dilemas e paradigmas. Um debate como esse merecia a participação de pessoas com posições contraditórias e perfis diferentes. Seria legal ver na mesa um executivo de um jornal impresso, um jornal online independente e talvez um blogueiro, que poderia apimentar a discussão e colocar pontos de vista bem ousados na conversa.

Enfim, me pareceu que a GloboNews perdeu uma boa oportunidade de ter uma discussão de verdade sobre o tema. E minha percepção se confirmou logo no primeiro terço do programa. Não houve propriamente um debate. Os participantes se alinharam no posicionamento e praticamente um alavancava e ratificava o que o outro havia falado anteriormente. Sarcasticamente falando, as vezes parecia uma conversa de comadres. Enfim, o que menos havia era debate.

Independentemente disso, tenho que dizer que são executivos muito bem preparados e que a conversa teve alguns bons momentos. Para quem não pode ver o programa inteiro, vale ver a primeira metade. A principal pergunta que Tonico tentou cobrir durante todo o tempo foi: “Como os jornais impressos estão respondendo ao desafio das novas mídias e da Internet?”

Separei algumas frases/conceitos que foram ditas no programa. Algumas eu concordo firmemente, mas existem outras que eu tenho sérias dúvidas.

Eleonora soltou a frase: “Os jornais são quase um divã para o país”. A frase delata o perfil dos jornais brasileiros, especialmente a Folha, da qual ela é Editora Executiva, que ainda exercem o papel de defensores dos fracos e oprimidos, principais defensores do povo e do cidadão, que são achacados e explorados pelo governo e pelas empresas imperialistas. Em resumo, a mídia no Brasil ainda puxa para si o papel de representante do cidadão, com clara tendência de duvidar e questionar as lideranças, quer sejam públicas ou privadas.
Ela também falou algo incontestável. Os jovens de hoje lêem muito mais que antigamente. A internet certamente vem fazendo os jovens lerem mais. Talvez isso explique o crescimento de 12% nas vendas de jornais impressos no Brasil em plena era da Internet. Ou seja, nunca se vendeu tanto jornal impresso no país como atualmente.

Ricardo Gandour foi o mais pragmático dos três. Gostei sempre de suas intervenções pois trouxeram riqueza à conversa. Ele comentou que se analisarmos a história da mídia, veremos que o aparecimento de uma nova mídia nunca anulou as mídias vigentes. As mídias antigas acabaram sempre se adaptando e a nova mídia passou a coexistir com as mídias antigas. Foi assim com o rádio e a TV. Na época do aparecimento da TV, surgiram previsões contundentes que diziam que o rádio estava com os dias contados. Hoje vemos o rádio mais forte do que nunca.
O ponto do Gandour é que a mídia online vai coexistir com os jornais, ou seja, os jornais não vão desaparecer. Eles vão se adaptar.
Não concordei com uma afirmação de Gandour. Ele disse: “-- A sociedade precisa de edição. A sociedade precisa de um conjunto de profissionais reunidos para filtrar, hierarquizar e oferecer um universo de informações editado e organizado. Quanto mais saturado fica o ambiente, mas necessária é a edição”.
Eu pergunto: será mesmo? Será que precisamos de alguém filtrando e editando as informações prá gente? Será que ter alguém filtrando as informações não inibe a discussão e a apresentação de posições contraditórias? A tal linha editorial dos jornais não é um filtro? É claro que sim. E cada um de nós que trabalha com comunicação é capaz de comentar um pouco sobre as diferenças de perfil editorial da Folha, Estado e O Globo. Eu não sei dizer se isso é positivo ou negativo, mas o fato é que nós delegamos para o jornal, aquele que assinamos e recebemos em casa, o poder de filtrar e editar as informações para nós. Ou seja, praticamente contratamos alguém para selecionar e analisar as notícias prá gente.

Gandour fez um ponto que também não concordei muito. Ele disse que a nova mídia pode deixar para trás a ética do jornalismo. E aí caímos de novo no ponto anterior. De acordo com ele, sem ninguém para filtrar e organizar a informação, a tal ética corre perigo. Tenho sérias dúvidas em relação a isso.

Rodolfo Fernandes não trouxe muitas novidades em suas intervenções. Disse uma verdade absoluta: nunca se consumiu tanta notícia quanto agora. Embora a venda de jornais impressos no mundo venha caindo, aqui no Brasil ela está crescendo. Quando ele fala o mundo, na verdade ele se refere aos Estados Unidos, onde a queda é expressiva.

Na conversa dos três ficou evidente que os jornais ainda têm clara dificuldade de lidar com a Internet. Basicamente a Internet é usada pelo jornais para antecipar seus furos.
Gandour falou algo interessante. Tradicionalmente, a redação de um jornal se preparava para tomar uma decisão de publicação por dia, ou seja, o conhecido fechamento. Um grande esforço era concentrado no fechamento para decidir a edição do dia seguinte. Com a introdução da mídia online, a redação toma a decisão de publicação durante todo o ciclo de 24 hs, ou seja, na Internet não existe o tal fechamento. Isso já mudou a rotina das redações dos jornais.
Outra evidência na conversa foi o desafio que eles vêm passando para contratar novos profissionais de comunicação. Ou seja, eles precisam de profissionais que saibam trabalhar com essa nova linguagem multimídia e que dominem as novas tecnologias. Eles têm o desafio de formar esses novos profissionais que ainda não são abundantes no mercado. Falaram que os profissionais mais velhos tem dificuldade de lidar com novos equipamentos.

Por fim, comentaram que cada vez mais os leitores vêm ajudando no conteúdo dos veículos. Falaram muito em colaboração. Gandour citou que fotos de leitores já emplacaram na manchete principal da capa do Estadão em quatro ocasiões. Eleonora disse que muitas pautas para o jornal vêm dos leitores, através da Internet, e que a repercussão das matérias na internet tem sido um elemento valioso na direção da Folha.

Enfim, esse foi o resumão da conversa. Mas no final de tudo sobrou a afirmação do Gandour que ficou martelando na minha cabeça: “Independentemente do meio, se será papel ou um painel eletrônico, o cidadão ainda vai querer consumir uma informação editada e arrumada”.
Será mesmo?

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